O que: Projeto Nossos Talentos: Relembrando Elis com o grupo Queijo com Goiabada Onde: Teatro do Inatel Quando: 10 de novembro de 2012, sábado, às 20:00. Quanto: R$10,00 Informações: http://www.inatel.br/inatelcultural
O que: Tributo ao Tim Maia Onde: Teatro do Inatel Quando: 11 de novembro de 2012,
sábado, às 20:00. Quanto: R$2,00 + 1 kg de alimento Informações: http://www.inatel.br/inatelcultural
O que: IV Estação das Artes - Festival Cultural de Pouso Alegre
Onde: Locais variados. Consulte. Quando: 08 à 11 de novembro de 2012. Quanto: Entrada franca. Informações: http://www.culturapa.com/2012/11/iv-estacao-das-artes-festival-cultural.html
Fonte: www.culturapa.com
O que: Café com Jazz Trio
Onde: Divina Maria Café e Cultura Quando: 10 de novembro de 2012, sábado, às 15:00 Quanto: Entrada franca. Informações: http://www.cafecomjazztrio.com
Fonte: http://www.cafecomjazztrio.com
O que: Semana de Arte e Música do Conservatório
Onde: Conservatório de Pouso Alegre Quando: 05 a 09 de novembro de 2012. Quanto: Entrada franca. Informações: http://www.culturapa.com/2012/11/semana-de-arte-e-musica-do-conservatorio.html
Fonte: http://www.culturapa.com
O que: Lado de Lá, Laís Tiburcio
Onde: Teatro Municipal de Pouso Alegre Quando: 09 de novembro de 2012, sexta feira. Quanto: Entrada franca. Informações:
http://www.culturapa.com/2012/11/0911-lado-de-la-lais-tiburcio.html
Há muito tempo, ou amanhã de amanhã, quando os bichos
falavam, um rapaz ganhou
uma barrica de cerveja, depois de trabalhar anos numa
cervejaria. Seguiu para casa, com a barrica nas costas. Como ela pesava muito e
ele estava alegre, pensou em parar e beber um pouco. Mas não queria fazer isso
sozinho. Então pensou:
- Vou convidar o primeiro que encontrar.
Numa curva da estrada, deu com uma mulher cadavérica, meio
amarelada.
- Bom dia, senhora. Quer beber um pouco de cerveja comigo?
- Preferia comer, mas...
- Não tenho nada pra comer. Mas quem é a senhora? Gostaria
de saber com quem bebo.
- Eu sou a Fome.
- Não quero beber com a senhora. A senhora sempre persegue
os pobres. Não é justa.
O rapaz seguiu em frente. O sol estava cada vez mais forte e a
barrica, cada vez mais pesada. O rapaz já pensava até em beber sozinho quando
encontrou um homem muito forte e com jeito de mandão.
- Bom dia, senhor. Quer beber um pouco de cerveja comigo?
- Não costumo beber em serviço, mas aceito. Está muito
quente.
- Quem é o senhor? Gostaria de saber com quem bebo.
- Eu sou o Destino.
- Sinto muito, mas não posso beber com o senhor. O senhor
não é justo. Complica a vida dos pobres, facilita a vida dos ricos.
Bastante desanimado, o rapaz seguiu em frente. Não agüentava
mais o peso da barrica. Não agüentava mais o calor do sol. Resolveu então
sentar embaixo de uma árvore, na beira da estrada.
Nisso viu se aproximando uma pessoa muito alta e muito
magra, vestida de preto. Gritou para ela:
- Bom dia. Quer beber um pouco de cerveja comigo?
- Aceito.
- Quem é você? Quero saber com quem bebo.
- Eu sou a Morte.
Mas nem precisava dizer. Quando ela chegou perto, o rapaz
viu o esqueleto sob as vestes pretas, o capuz que escondia a caveira e a gadanha
na mão direita.
- Sente aqui comigo. Com você eu posso beber. Você é justa.
Você trata pobres e ricos por igual.
- Eu nunca sento, mas, pra beber uma cerveja, vou abrir uma
exceção.
Beberam, conversaram. Quando o rapaz se preparou para ir
embora, a Morte disse:
- Você foi muito gentil comigo. Em troca, vou tornar você
rico.
- Como?
- Você será médico de hoje em diante, Vou tornar esta
cerveja mágica. Um golinho apenas e a pessoa ficará curada.
- Mas a barrica não é muito grande. Logo a cerveja acabará.
- Quando a barrica estiver pela metade, encha-a de água.
Garanto que terá o mesmo efeito. E o mesmo sabor.
- Ótimo – o rapaz disse, se levantando.
- Mas tem uma condição – a Morte avisou – Quando você for
visitar um doente, se eu estiver à cabeceira da cama, não dê cerveja a ele.
Porque esse eu tenho de levar. Se não cumprir o trato, você é que será levado.
- Certo – o rapaz disse e apertou a mão da Morte.
O rapaz se transformou num médico rico e famoso. Não era pra
menos. Ele não errava nunca. Mal entrava no quarto de um doente, mal botava o
olho nele, sabia se o sujeito escapava ou se a família tinha de comprar o
caixão. Ninguém nem sonhava que o rapaz pudesse enxergar a Morte.
O que mais impressionava eram as curas. As pessoas às vezes
estavam mal havia dias, ou semanas. Aí o rapaz dava um golinho do seu remédio e
o doente pulava da cama na mesma hora, como se houvesse se deitado apenas pra
uma soneca. E ainda dizia, lambendo os bigodes:
- O remédio até tem gosto de cerveja.
A fama do rapaz era tanta que um dia o rei mandou chamá-lo:
- Minha filha está doente, muito doente. Os médicos da corte
não sabem mais o que fazer. Tentaram todos os tratamentos e nada funcionou. O
senhor é minha última esperança.
- Verei o que posso fazer, majestade.
- Se o senhor curar a princesa, eu lhe darei metade do reino
e o casarei com ela.
O rapaz tremeu, ao ouvir falar em casamento. Conhecia
a fama da princesa: além de boa pessoa, era linda e alegre. Por um instante o
rapaz ficou sonhando com a felicidade que viveriam.
O rei o levou ao quarto da princesa.
A rainha e duas damas estavam ao lado da cama. E, à
cabeceira, a Morte de pé, a caveira sob o capuz apoiada na gadanha. Cochilava.
O rapaz já tinha visto antes a Morte cochilando. Mas ela
sempre acordava a tempo. Não atrasava um segundo.
O rapaz olhou para a princesa. Pálida, abatida. Ela olhou
para ele com uma dor tão grande que ele se sentiu mal.
O rapaz olhou para a Morte. Pela primeira vez achou que ela
era injusta. De que adiantava ela o ter feito rico se agora ia perder o amor da
princesa?
O rei disse, impaciente:
- E então?
O rapaz olhou a Morte de novo. Ela continuava cochilando,
meio escondida pelas sombras. Então o rapaz se decidiu. Falou baixinho para o
rei:
- Mande virar a cama, majestade. A cabeceira para os pés, os
pés para a cabeceira. Mas sem barulho nenhum.
Assim foi feito. A Morte não percebeu nada. O rapaz, mais
que depressa, deu um golinho de cerveja para a princesa. Na mesma hora a
princesa se levantou, sem palidez, sem abatimento – linda como a Lua.
O rei deu um grito de alegria.
A Morte acordou e viu a cama ao contrário. Não disse nada,
apenas olhou para o rapaz e levantou a gadanha.
- Não! – ele falou.
- O que foi que combinamos?
- Mas acabei de ganhar uma esposa e metade de um reino!
- Agora seu reino não é deste mundo – a Morte disse e o
tocou com a ponta da gadanha.
O rei, a rainha, a princesa e as damas levaram algum tempo
para descobrir que o médico caíra morto.
SSÓ, Ernani. Contos da
morte morrida: narrativas do folclore. São Paulo: Companhia das Letrinhas,
2007.
Miguel de Cervantes Saavedra nasceu em
Alcalá de Henares, na Espanha, em 29 de setembro de 1547. Passou a
Infância na cidade de Valladolid e estudou em Madri e também em Sevilha
que, no século 16, era uma das maiores cidades do ocidente, capital
financeira, comercial e artística da Europa. Em 1571, serviu ao exército
do rei espanhol Filipe II, na batalha naval de Lepanto contra o império
turco. Ferido, perdeu os movimentos da mão esquerda.
Quando
voltava de outra expedição, Cervantes foi capturado por piratas
argelinos e vendido como escravo ao rei de Argel, Hassaou Pacha. Tentou
fugir pelo menos cinco vezes. Por fim, o monge Juan Gil pagou seu
resgate. De volta à Espanha, em 1587, passou por dificuldades. Sua
produção literária não obtinha sucesso. Conseguiu, no entanto, ser
nomeado Corsário Real. Sua missão era coletar azeite e grãos para a
Armada Invencível, esquadra criada por Filipe II para conquistar a
Inglaterra. Por não saber matemática, foi enganado por outros corsários e
preso sob acusação de roubo em 1592.
Com a publicação do livro Dom
Quixote , em 1605, Cervantes, então com 58 anos, conseguiu juntar
algum dinheiro e pôde se dedicar exclusivamente à literatura. A obra fez
tanto sucesso que uma pessoa, usando um nome falso de Alonso Fernández
Avellaneda, publicou uma segunda parte do romance. Revoltado com a
falsificação, Cervantes publicou sua própria segunda parte em 1615.
Miguel
de Cervantes, morreu em Madri no dia 23 de abril de 1616. Além de seu
famoso romance, ele escreveu também poemas e textos para o teatro, que
não tiveram tanta repercussão quanto Dom Quixote . Sua produção
teatral está resumida no volume Oito comédias e oito entremezes
. O espanhol escreveu ainda Novelas exemplares , considerado
um dos mais importantes volumes de contos da literatura universal.
A palavra cordel vem do provençal e quer dizer corda.
Cordéis eram os barbantes estendidos nas feiras da Idade Média, nos quais os
poetas penduravam os folhetos com seus poemas, para que fossem vistos,
escolhidos e comprados pelos ouvintes e fregueses.
Por isso, também chamado de literatura de folhetos, o cordel
nasceu dos versos recitados, da poesia de tradição oral, da palavra cantada que
encanta narrando histórias e causos.
Por volta dos séculos XI e XII, esse gênero de literatura
popular disseminou-se por toda a Europa. Poemas que contavam histórias de
nobres e princesas, falavam de terras desconhecidas e de peregrinações eram
cantados pelos trovadores e menestréis nas cortes, nas feiras e em praças
públicas. Em Portugal, essa tradição fundiu-se à dos medajs, poetas cantores árabes que narravam suas histórias
acompanhados por instrumentos musicais.
Com a invenção da imprensa, por volta de 1450, os poetas
passaram a imprimir seus poemas em folhetos montados com várias folhas dobradas,
geralmente de papel barato, que tinham capas ilustradas e eram vendidos aos
ouvintes depois de récitas, ou seja, das apresentações.
O cordel faz parte, portanto, de um conjunto de gêneros de
literatura popular que têm em comum o fato de terem sido transmitidos
originalmente de forma oral. E chegou ao Brasil com os portugueses, que
trouxeram também suas melodiosas violas. Aqui, ele se desenvolveu
principalmente no Nordeste, em estados como Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do
Norte e Ceará.
Forma poética rica, complexa e viva, cujas narrativas são
criadas mais para serem ouvidas do que lidas, o cordel até hoje costuma ser
recitado – de memória ou por meio da leitura em voz alta – por um cantador.
Acompanhado pela melodia da viola, que preenche os intervalos das estrofes, o
poeta geralmente é cercado pelos ouvintes, que acompanham, atentos, o
desenrolar das histórias narradas em verso.
Então, depois da apresentação, o cordelista vende seus
folhetos. Por isso podemos dizer que o cordel reforça os laços coletivos e a
experiência comunitária, porque, por meio dele, poeta e público compartilham
histórias e aventuras ao vivo. E, dessa maneira, essa arte popular resgata
também a tradição dos antigos aedos gregos, que cantavam em versos as aventuras
dos heróis de sua mitologia, há mais de 2 mil anos.
A partir da década de 1950, os folhetos passaram a ser
ilustrados por xilogravuras de diferentes artistas. De lá para cá, a presença
dessas imagens tornou-se também uma tradição: hoje quando pensamos em um
folheto de cordel, logo nos vem à cabeça uma ilustração de xilogravura.
Dentre os temas mais cantados estão as recriações de
histórias tradicionais, herdadas da corte portuguesa, com intrigas de amor e
aventuras inspiradas nas narrativas medievais. Mas o cenário das histórias foi substituído
pelos sertões brasileiros: os nobres poderosos foram trocados por patrões ou
fazendeiros; as princesas se tornaram as filhas deles; e em lugar de valentes
cavaleiros surgiram vaqueiros destemidos, dispostos a lutar pelo amor de suas
donzelas.
Além das adaptações das histórias da corte européia, no
Brasil foram criados cordéis dos elementos de nosso próprio folclore e de nossa
própria história. Exemplos desses poemas são os que narram a vida de Antônio
Conselheiro, líder da comunidade de Canudos, ou a de padre Cícero Romão,
“Padim” Ciço, de Juazeiro do Norte. Hoje em dia, os cordéis podem falar sobre
quase tudo. Tocam em assuntos que abrangem questões políticas, econômicas e
sociais da região em que são produzidos, podendo até participar de campanhas
institucionais que ensinam às pessoas, por exemplo, como combater a dengue e
outras doenças.
>>> Há livros de cordel em nossa biblioteca!
Saiba mais:
Internet: Academia Brasileira de Literatura de Cordel - www.ablc.com.br
Com gravuras, publicações e notícias, o site conta toda a trajetória da literatura de cordel e como ela
chegou ao Brasil. Marcada pelo improviso e pela poesia popular, essa classe
literária se encontra bem retratada pela ABLC aqui.
OLIVEIRA, Gabriela Rodella de. Português: a arte da palavra,
6º ano. 1ª ed. São Paulo: Editora AJS Ltda, 2009.
Neste livro, o trio de detetives juvenis Léo, Gino e Ângela,
criados por Marcos Rey, precisa resolver um mistério. Léo, que trabalha como
mensageiro no luxuoso cinco-estrelas de São Paulo, encontra o cadáver do
estrangeiro Ramón Varga na lavanderia. Quem acreditaria na palavra daquele
simples camareiro? Gino e Ângela resolvem ajudar Léo a salvar a própria vida
posta em risco ao longo da investigação.
>>> Temos O mistério do 5 estrelas em nossa biblioteca!
Este agradecimento eu quis fazer à parte, pela importância
que tem para mim e para todo este projeto! Ao Secretário de Educação de nosso
município e amigo Norival Fernandes Mendes, pela confiança, carinho e apoio
dado. Norival, sem você este projeto nunca
se concretizaria! A educação precisa de alunos leitores, e a biblioteca é o
espaço feito a eles para isso. O trabalho é árduo, mas muito prazeroso e
satisfatório!
Pablo Picasso. La Lecture. 1934.
Obrigado pelo apoio! Certamente esta iniciativa será digna
de olhares curiosos de nossos alunos!
O espaço da biblioteca em nossa
escola foi remodelado nos últimos meses com o intuito de atrair cada vez mais
leitores em nossa escola, porém observa-se a ausência e desinteresse quase
total dos jovens que pertencem, principalmente, ao 8º e 9º ano desta
instituição de ensino pela literatura. Diante do fato, percebeu-se a emergência
em criar meios que estreitem esta relação e consigam atrair os jovens para
dentro do espaço literário e aumentar o interesse pela leitura e, também, pela
cultura local.
Desta maneira,
foi desenvolvido o projeto “Blog da Biblioteca”, no qual os alunos são levados
e desenvolver uma página on line (blog, Facebook) com o intuito de noticiar
fatos da biblioteca e ações culturais de nossa cidade e região.
Aqui, noticiaremos literatura, novidades na biblioteca, livros mais lidos, além de ampliar mais o blog com cultura local e regional, cinema, música, arte e tudo o que diz respeito à manifestação humana cultural! É um grito pela literatura e cultura!
À diretora Rita Maria e a vice Edcléia, pelo apoio dado na
implantação deste projeto. Obrigado pelas dicas, pelo incentivo e estrutura
dada a este blog.
Aos meus queridos alunos que integram a equipe do blog,
agradeço imensamente: Mayara Aparecida I. de Souza, Joana de Cássia R. Xavier,
Liniker Lourram de L. Maciel, Ana Júlia Silvestre Mateus e Stanley da Silva,
pelo empenho, entusiasmo e apoio no projeto e pelas preguiçosas tardes pós-almoço dedicadas
ao blog. Amados, sem vocês este blog não existiria!
Ao amigo Carlos Romero, do jornal “Empório de
Notícias”, por ter se deslocado de seu habitat natural e vindo afetuosamente e
prontamente até nossa biblioteca para nos dar uma aula de jornalismo sem chatisse e dividir conosco um pouco de sua história . Sua colaboração foi ímpar para nós!
Que consigamos instigar os alunos à leitura, à reflexão e a inclinação para a cultura!
O que: A banda mais bonita da cidade Origem: Curitiba, Paraná, Brasil. Integrantes: Uyara Torrente (vocalista), Vinícius Nisi (tecladista), Rodrigo Lemos (guitarrista), Diego Plaça (baixista) e Luís Bourscheidt (baterista). Estilo: MPB, Indie Rock, Indie Folk, Folk Rock. Página oficial: http://www.abandamaisbonitadacidade.art.br/odisco/ Ouça aqui: http://www.youtube.com/watch?v=QW0i1U4u0KE Som bom para: relaxar, sorrir, namorar.
O que: Exposição de Giovanna Brandão: sua história na ponta do lápis de cor Onde: Espaço Memória Inatel - Prédio V - segundo piso Quando: de 01 de agosto de 2012 à 27 de setembro de 2012 Quanto: gratuito Informações: http://www.inatel.br/inatelcultural
O que: Nossos talentos com Meyer Big Band Onde: Teatro Inatel Quando: Dia 23 de setembro de 2012, às 20:00. Quanto: R$10,00 Informações: http://www.inatel.br/inatelcultural
O amor acaba. Numa esquina, por exemplo, num domingo de lua nova, depois de teatro e silêncio; acaba em cafés engordurados, diferentes dos parques de ouro onde começou a pulsar; de repente, ao meio do cigarro que ele atira de raiva contra um automóvel ou que ela esmaga no cinzeiro repleto, polvilhando as cinzas o escarlate das unhas; na acidez da aurora tropical, depois duma noite votada à alegria póstuma, que não veio; e acaba o amor no desenlace das mãos no cinema, como tentáculos saciados, e elas se movimentam no escuro como dois polvos de solidão; como se as mãos soubessem antes que o amor tinha acabado; na insônia dos braços luminosos do relógio; e acaba o amor nas sorveterias diante do colorido iceberg, entre frisos de alumínio e espelhos monótonos; e no olhar do cavaleiro errante que passou pela pensão; às vezes acaba o amor nos braços torturados de Jesus, filho crucificado de todas as mulheres; mecanicamente, no elevador, como se lhe faltasse energia; no andar diferente da irmã dentro de casa o amor pode acabar; na epifania da pretensão ridícula dos bigodes; nas ligas, nas cintas, nos brincos e nas silabadas feministas; quando a alma se habitua às províncias empoeiradas da Ásia, onde o amor pode ser outra coisa, o amor pode acabar; na compulsão da simplicidade simplesmente; no sábado, depois de três goles mornos de gim à beira da piscina; no filho tantas vezes semeado, às vezes vingado por alguns dias, mas que não floresceu, abrindo parágrafos de ódio inexplicável entre o pólen e o gineceu de duas flores; em apartamentos refrigerados, atapetados, aturdidos de delicadezas, onde há mais encanto que desejo; e o amor acaba na poeira que vertem os crepúsculos, caindo imperceptível no beijo de ir e vir; em salas esmaltadas com sangue, suor e desespero; nos roteiros do tédio para o tédio, na barca, no trem, no ônibus, ida e volta de nada para nada; em cavernas de sala e quarto conjugados o amor se eriça e acaba; no inferno o amor não começa; na usura o amor se dissolve; em Brasília o amor pode virar pó; no Rio, frivolidade; em Belo Horizonte, remorso; em São Paulo, dinheiro; uma carta que chegou depois, o amor acaba; uma carta que chegou antes, e o amor acaba; na descontrolada fantasia da libido; às vezes, acaba na mesma música que começou, com o mesmo drinque, diante dos mesmos cisnes; e muitas vezes acaba em ouro e diamante, dispersado entre astros; e acaba nas encruzilhadas de Paris, Londres, Nova Iorque; no coração que se dilata e quebra, e o médico sentencia imprestável para o amor; e acaba no longo périplo, tocando em todos os portos, até se desfazer em mares gelados; e acaba depois que se viu a bruma que veste o mundo; na janela que se abre, na janela que se fecha; às vezes não acaba e é simplesmente esquecido como um espelho de bolsa, que continua reverberando sem razão até que alguém, humilde, o carregue consigo; às vezes o amor acaba como se fora melhor nunca ter existido; mas pode acabar com doçura e esperança; uma palavra, muda ou articulada, e acaba o amor; na verdade; o álcool; de manhã, de tarde, de noite; na floração excessiva da primavera; no abuso do verão; na dissonância do outono; no conforto do inverno; em todos os lugares o amor acaba; a qualquer hora o amor acaba; por qualquer motivo o amor acaba; para recomeçar em todos os lugares e a qualquer minuto o amor acaba.
AMANDA, Rosa (organização). Treze dos melhores contos de amor da literatura brasileira. Rio de Janeiro: Ediouro, 2003. na disso da primavera; no abuso do verr nunca ter existido; mas pode acabar com doçura e esperança; uma palavra, muda ou artic