Quadro Saudades,
de José Ferraz de Almeida Jr., 1899. Óleo sobre tela, 195 X 98 cm . Pinacoteca do Estado
de São Paulo.
quinta-feira, 4 de outubro de 2012
Conheça a história da literatura de cordel
Cordel: a poesia no varal
Por isso, também chamado de literatura de folhetos, o cordel
nasceu dos versos recitados, da poesia de tradição oral, da palavra cantada que
encanta narrando histórias e causos.
Por volta dos séculos XI e XII, esse gênero de literatura
popular disseminou-se por toda a Europa. Poemas que contavam histórias de
nobres e princesas, falavam de terras desconhecidas e de peregrinações eram
cantados pelos trovadores e menestréis nas cortes, nas feiras e em praças
públicas. Em Portugal, essa tradição fundiu-se à dos medajs, poetas cantores árabes que narravam suas histórias
acompanhados por instrumentos musicais.
Com a invenção da imprensa, por volta de 1450, os poetas
passaram a imprimir seus poemas em folhetos montados com várias folhas dobradas,
geralmente de papel barato, que tinham capas ilustradas e eram vendidos aos
ouvintes depois de récitas, ou seja, das apresentações.
O cordel faz parte, portanto, de um conjunto de gêneros de
literatura popular que têm em comum o fato de terem sido transmitidos
originalmente de forma oral. E chegou ao Brasil com os portugueses, que
trouxeram também suas melodiosas violas. Aqui, ele se desenvolveu
principalmente no Nordeste, em estados como Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do
Norte e Ceará.
Forma poética rica, complexa e viva, cujas narrativas são
criadas mais para serem ouvidas do que lidas, o cordel até hoje costuma ser
recitado – de memória ou por meio da leitura em voz alta – por um cantador.
Acompanhado pela melodia da viola, que preenche os intervalos das estrofes, o
poeta geralmente é cercado pelos ouvintes, que acompanham, atentos, o
desenrolar das histórias narradas em verso.
Então, depois da apresentação, o cordelista vende seus
folhetos. Por isso podemos dizer que o cordel reforça os laços coletivos e a
experiência comunitária, porque, por meio dele, poeta e público compartilham
histórias e aventuras ao vivo. E, dessa maneira, essa arte popular resgata
também a tradição dos antigos aedos gregos, que cantavam em versos as aventuras
dos heróis de sua mitologia, há mais de 2 mil anos.
A partir da década de 1950, os folhetos passaram a ser
ilustrados por xilogravuras de diferentes artistas. De lá para cá, a presença
dessas imagens tornou-se também uma tradição: hoje quando pensamos em um
folheto de cordel, logo nos vem à cabeça uma ilustração de xilogravura.
Dentre os temas mais cantados estão as recriações de
histórias tradicionais, herdadas da corte portuguesa, com intrigas de amor e
aventuras inspiradas nas narrativas medievais. Mas o cenário das histórias foi substituído
pelos sertões brasileiros: os nobres poderosos foram trocados por patrões ou
fazendeiros; as princesas se tornaram as filhas deles; e em lugar de valentes
cavaleiros surgiram vaqueiros destemidos, dispostos a lutar pelo amor de suas
donzelas.
Além das adaptações das histórias da corte européia, no
Brasil foram criados cordéis dos elementos de nosso próprio folclore e de nossa
própria história. Exemplos desses poemas são os que narram a vida de Antônio
Conselheiro, líder da comunidade de Canudos, ou a de padre Cícero Romão,
“Padim” Ciço, de Juazeiro do Norte. Hoje em dia, os cordéis podem falar sobre
quase tudo. Tocam em assuntos que abrangem questões políticas, econômicas e
sociais da região em que são produzidos, podendo até participar de campanhas
institucionais que ensinam às pessoas, por exemplo, como combater a dengue e
outras doenças.
Internet: Academia Brasileira de Literatura de Cordel - www.ablc.com.br
Com gravuras, publicações e notícias, o site conta toda a trajetória da literatura de cordel e como ela
chegou ao Brasil. Marcada pelo improviso e pela poesia popular, essa classe
literária se encontra bem retratada pela ABLC aqui.
OLIVEIRA, Gabriela Rodella de. Português: a arte da palavra,
6º ano. 1ª ed. São Paulo: Editora AJS Ltda, 2009.
Nós indicamos!
O mistério do 5 estrelas – Marcos Rey
Editora Global, 2005.
Neste livro, o trio de detetives juvenis Léo, Gino e Ângela,
criados por Marcos Rey, precisa resolver um mistério. Léo, que trabalha como
mensageiro no luxuoso cinco-estrelas de São Paulo, encontra o cadáver do
estrangeiro Ramón Varga na lavanderia. Quem acreditaria na palavra daquele
simples camareiro? Gino e Ângela resolvem ajudar Léo a salvar a própria vida
posta em risco ao longo da investigação.
>>> Temos O mistério do 5 estrelas em nossa biblioteca!
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